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26 Out. 2010

A valorização do património concelhio. A Anta da Arquinha da Moura

A riqueza e sustentabilidade de uma sociedade mede-se na capacidade que, quer os poderes públicos, quer cidadãos – organizados ou individualmente – têm, em intervir na defesa, na preservação, na promoção e divulgação do seu próprio património cultural.

Quer através de medidas concretas de inserção do património material nos documentos oficiais (Planos Directores Municipais), quer correspondam a planeamento de actividades culturais, nos domínios dos Serviços Educativos, quer através de apoio das instituições ligadas ao movimento associativo local, ou ainda da acção da comunidade local de base contra práticas de vandalismo e destruição dos sítios, trata-se, com a implementação dessas medidas, da afirmação de um território que não quer deixar morrer e esquecer esse passado construído colectivamente. Ao nível autárquico, o Município de Tondela tem tido nos últimos anos políticas estruturantes que importa dar continuidade nos anos vindouros. A recuperação de objectos patrimoniais em risco, a preservação de estações arqueológicas, a melhoria de acessos e adequada sinalização, a execução de trabalhos de conservação e restauro, a classificação de imóveis, o levantamento e conhecimento dos sítios, a divulgação turística, são algumas das linhas de orientação que importa destacar. Com a recente inauguração do Museu Municipal Terras de Besteiros, importante infra-estrutura de apoio ao conhecimento das raízes e dos valores da cultura beirã, adquire mais visibilidade, porque de Museu de Território se trata, o conjunto de pólos museológicos espalhados pelo Concelho, de que se destaca o monumento pré-histórico conhecido por Anta da Arquinha da Moura. Situada na freguesia da Lajeosa do Dão, este monumento é classificado como Imóvel de Interesse Público e está enquadrado numa Zona Especial de Protecção. Pertencente ao maior conjunto mundial de monumentos da época megalítica com pinturas, que se situam precisamente em Portugal e no Distrito de Viseu, foi objecto de um conjunto de acções implementadas ao longo dos últimos anos, com vista à sua recuperação, nomeadamente importantes trabalhos de restauro e consolidação das suas estruturas pétreas, da construção de um sistema de drenagem de águas pluviais para estabilização das condições de temperatura e humidade dentro do túmulo e de protecção das suas pinturas. Passando por novas escavações arqueológicas, de que resultaram em mais recolha de espólio, a juntar aos cerca de 2000 objectos recolhidos, aquando das primeiras intervenções arqueológicas, realizadas entre 1991 e 1993. O mais representativo do espólio encontrado, referente a diversas épocas históricas, quer dentro do túmulo, quer no seu exterior, no chamado átrio, onde eram realizadas cerimónias e rituais fúnebres, é objecto de exposição em três salas da pré-história do museu. Podemos encontrar vasos cerâmicos de diversas tipologias (vasos globulares, taças carenadas, vasos de perfil em S, vasos troncocónicos invertidos, sobretudo para recolha e armazenamento de cereais, entre outras utilidades). Mas também objectos líticos em sílex (foices, geométricos, pontas de setas, lâminas, alguns destes conhecidos também pela designação de micrólitos), machados, goivas, enxós, furadores, contas de colar, em pedra verde e azeviche, folhinha em ouro nativo. Além de objectos votivos de rara beleza. Estão ainda em depósito nas Reservas do museu, na Freguesia de Nandufe, o espólio osteológico (ossadas humanas), centenas de outros objectos e milhares de fragmentos cerâmicos, que têm sido objecto de acções de formação, de workshops, para alunos e turmas das escolas do Ensino Secundário do concelho, nomeadamente turmas do 12º ano da Escola Secundária de Molelos. Com este conceito de interligação com a comunidade escolar, em espaços museológicos menos conhecidos, mas de importância estrutural assinalável para o meio museológico português, o Pelouro da Cultura do Município afirma a sua política cultural e educativa de formação das camadas jovens da população. Daí a importância da Anta da Arquinha da Moura, como pólo museológico do museu, por dois motivos: na interacção entre o espólio recolhido e exposto no museu; e a observação in loco, das pinturas existentes em alguns dos esteiros da câmara funerária. A visita ao local, como forma de conhecer as referidas pinturas e igualmente tomar contacto com o processo construtivo do monumento, são factores determinantes para uma preocupação acrescida na sua valorização. As pinturas, bem visíveis em 2 esteios da câmara e com vestígios noutros 2, são quase exclusivamente a vermelho. Foi apenas detectada pelos arqueólogos uma figura a preto, com linhas muito finas. A figuração vai desde a representação antropomórfica, quer de grandes, quer de pequenas dimensões, até animais, como um caprídeo e um cervídeo. No capítulo da sinalização do percurso rodoviário, o Município colocou estrategicamente pelas principais vias de acesso ao monumento, cerca de uma dezena de placas sinalizadoras, além de um Centro de Interpretação no próprio local, de apoio informativo aos visitantes. Presentemente, tendo em vista um melhor aproveitamento turístico, cultural e educativo, toda a área envolvente ao monumento funerário está a ser objecto de estudo por uma arquitecta paisagística, de forma a apresentar as melhores soluções de enquadramento no contexto da própria classificação patrimonial, pelo facto de estarmos a falar de um monumento submetido a Zona Especial de Protecção. Tendo como objectivo, além da identificação sistemática de monumentos pré e proto-históricos, (além de outras épocas), que possam dar origem à preparação da Carta Arqueológica Concelhia; além da implementação de medidas de preservação e sinalização dos sítios, o Pelouro da Cultura tem focalizado a sua actuação numa política de qualidade, através da escolha de determinadas estações arqueológicas, de relevância nacional, para, através de um bem gizado plano de intervenções (nos domínios arqueológico, patrimonial, de conservação e restauro e educativo), apresentar à comunidade local, concelhia e a todos os visitantes que se deslocam ao Concelho, um produto cultural de reconhecida qualidade. Finalmente no domínio da publicação de bibliografia, quer de divulgação, quer analítica e educativa, o Pelouro da Cultura, além do folheto “Roteiro Arqueológico do Concelho de Tondela”, amplamente divulgado no Museu Municipal e no Posto de Turismo, lançará brevemente: uma brochura de 25 páginas sobre a Anta da Arquinha da Moura, além de um panfleto educativo e pedagógico sobre o processo construtivo dos dólmens megalíticos.

 

 

 

 

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