Religioso
Igreja de Nossa Senhora da Natividade
-Freguesia: Barreiro de Besteiros
A igreja de Barreiro de Besteiros, de invocação a Nossa Senhora da Natividade, foi, em tempos, filial da Igreja de São Salvador de Castelões, funcionando como anexa desta. O seu interior é sumptuosamente adornado por retábulos em talha dourada, portadores de figurinos artísticos diversificados.
A capela-mor da igreja, numa ilusão de óptica fotográfica, funde-se com o arco triunfal. No entanto o que os diferencia para além do espaço físico são também os estilos a que pertencem e que harmoniosamente compõem o interior do templo. O retábulo da capela –mor insere-se no delicado estilo Rocócó, enquadrado na segunda metade do Século XVIII, caracterizado pelos mármores fingidos, composições florais e concheados dourados.
O arco triunfal em união com os retábulos colaterais respeita os cânones do Barroco Joanino, estilo anterior correspondente ao Século XVII. Com uma policromia quase inexistente, a talha dourada, plena, ofusca o olhar na sua grandiosidade. No centro do arco surge a escultura policromada da padroeira, Nossa Senhora da Natividade, sobrepujada por dois anjos que seguram uma coroa.
Um outro retábulo situado na nave esquerda, embora pertencente também ao mesmo estilo, obedece às regras típicas e exclusivas do Barroco Nacional. A talha volumosa, repleta de uvas, parras e meninos remata em arco de volta perfeita sobre o nicho que acolhe a figura do orago (São João Baptista).
Para saber mais:
RODRIGUES, Susete Filipa Lopes Pereira, A Arte da Talha no Concelho de Tondela, Câmara Municipal de Tondela, Maio 2005.
RAPOSO, Elisabete, Besteiros… Terra de muitos caminhos, Câmara Municipal de Tondela, Setembro 2000.
ALVES, Alexandre, Instrução e relação da Catedral da cidade de Viseu e mais igrejas do Bispado para a Sagrada Congregação – A Diocese de Viseu no tempo de D. João de Melo (1673 – 1684), p.57.
Igreja de Nossa Senhora do Campo
-Freguesia: Campo de Besteiros
O século XVIII foi determinante para o templo de invocação a Nossa Senhora do Campo. A construção seiscentista terá sido ampliada, e o seu interior dignificado através de estruturas de talha dourada e de pinturas. Nesta acção foi determinante o empenho da Ordem Terceira de Nossa Senhora Carmo, aí presente desde 1723.
O retábulo-mor e os colaterais, estilisticamente seguem o figurino do Rocócó. Apresentam as superfícies marmoreadas, enquanto as molduras e motivos decorativos (concheados, flores e folhas) são dourados.
No retábulo-mor, sobre o imponente trono repousa a imagem de vulto da padroeira, Nossa Senhora do Carmo. Esta escultura, construída em calcário, saiu das mãos de um mestre das oficinas de Coimbra durante o século XV.
Nos flancos, sobressaem duas telas emolduradas, de feição popular.
Nos retábulos colaterais enquadram-se as imagens de Nossa Senhora do Carmo, do século XVIII, e do Sagrado Coração de Maria.
A grande obra de primazia e rigor é o púlpito de planta quadrangular, ornado por tarjas de conchas flamejantes e por um friso de pequenas folhas de acanto na base.
Apraz dizer que toda a elegância, requinte e grandiosidade deste templo de modestas dimensões culminam com as belíssimas pinturas ostentadas tanto pela cúpula da capela-mor como pela abóbada do corpo principal.
Para saber mais:
RODRIGUES, Susete Filipa Lopes Pereira, A Arte da Talha no Concelho de Tondela, Câmara Municipal de Tondela, Maio 2005.
ALVES, Alexandre – A Capela de N.ª Sr.ª do Campo, Vila de Campo de Besteiros. “Beira Alta”. Viseu.38:2 (1979) 217-257.
RAPOSO, Elisabete, Besteiros… Terra de muitos caminhos, Câmara Municipal de Tondela, Setembro 2000.
Capela de São Francisco
-Freguesia: Canas de Santa Maria - Póvoa de Arcediago
De estrutura maneirista mas já com alguns apontamentos do Barroco Nacional, este retábulo é constituído por dois andares. Na parte inferior elevam-se quatro colunas pseudo-salomónicas envoltas por parras e uvas que assentam em mísulas camufladas por uma folha de acanto. Estas colunas enquadram pinturas, desgastadas pelo tempo. Sobre os capitéis coríntios, das colunas, repousa o entablamento, composto por um friso duplo que suporta o andar superior dividido em três registos horizontais de pinturas quase inexistentes, separadas por quartelões e flanqueadas por aletas.
O remate do retábulo é feito, na zona central, por um frontão semi-curvo ladeado por duas volutas.
O tecto da Capela é revestido por trinta caixotões emoldurados, com pinturas representativas de santos.
Este templo foi deixado deliberadamente nas mãos do tempo que lentamente o foi corroendo os elementos que perpetuam a sua memória.
Para saber mais:
RODRIGUES, Susete Filipa Lopes Pereira, A Arte da Talha no Concelho de Tondela, Câmara Municipal de Tondela, Maio 2005.
Igreja de Nossa Senhora da Assunção
-Freguesia: Canas de Santa Maria - Póvoa de Arcediago
O vistoso templo que se ergue na povoação de Canas de Santa Maria, outrora Canas de Sabugosa, construído para que nele se exercessem as funções que anteriormente se desempenhavam na antiga igreja matriz de traça medieval, é enaltecido a nível interior por um conjunto de retábulos de traçado neoclássico, executados durante o século XIX.
O retábulo-mor, um vetusto espécime que se adapta á parede fundeira do edifício, estabelece a sua ligação com este a partir de altas pilastras que se erguem do chão, apenas interrompidas por um friso de ranhuras a nível do banco.
Uma ampla tribuna que se eleva acima do entablamento é flanqueada por dois pares de robustas colunas, cujas superfícies pintadas de tons de rosa imitam o mármore. São encimadas por capitéis coríntios que sustentam um friso corrido. A tribuna engloba um elevado trono de seis degraus, no cimo dos quais se destaca a imagem de Nossa Senhora da Assunção.
No centro do banco enquadra-se o sacrário que segue a mesma morfologia e temática decorativa do retábulo em que se insere.
Patenteadores do mesmo figurino artístico são os retábulos colaterais gémeos.
Para saber mais:
RODRIGUES, Susete Filipa Lopes Pereira, A arte da talha no concelho de Tondela, Câmara Municipal de Tondela, Maio 2005.
Igreja de São Miguel Arcanjo
-Freguesia: Lajeosa do Dão
A atestar pela data de construção e pela sua estrutura compositiva e ornamental, os retábulos que adornam esta igreja, benzida a 19 de Dezembro de 1811, pertencem ao figurino neoclássico.
O retábulo-mor apresenta três colunas por banda, com o fuste decorado por festões de flores e coroas de folhas, pintado imitando o mármore. No núcleo central, concentra-se a tribuna onde se ergue o trono constituído por cinco degraus no cimo dos quais figura a imagem de vulto do padroeiro, São Miguel Arcanjo.
As colunas possuem capitéis coríntios e sustentam o entablamento que não possui qualquer tipo de ornamentação.
O remate é envolto numa arquivolta de perfil plano diante do qual se erguem dois frontões curvilíneos que se sobrepõem.
No centro do banco ressalta o sacrário. Muito simples, possui na porta uma custódia lavrada em baixo relevo e é sobrepujado por uma cúpula de gomos que culmina com o Cordeiro Pascal sobre o Livro dos Selos.
Os retábulos colaterais foram entalhados da mesma forma, com estrutura e gramática decorativa neoclássicas.
Para saber mais:
RODRIGUES, Susete Filipa Lopes Pereira, A arte da talha no concelho de Tondela, Câmara Municipal de Tondela, Maio 2005.
Igreja do Santíssimo Salvador
-Freguesia: Mosteiro de Fráguas
O retábulo-mor deste templo é provavelmente da mesma época do retábulo colateral direito pois apresenta ainda algumas características do figurino maneirista embora bastante adulterado. No ano de 1770, o altar foi reedificado, tendo sido benzido a 10 de Setembro do mesmo ano.
Assim, componentes distintivos da estrutura maneirista subsistem apenas as colunas e os painéis pintados que preenchem os intercolúnios.
As telas pintadas ostentam representações de personagens santificadas.
É evidente a miscigenação entre estes elementos e outros marcadamente rococós. O camarim, amplo tem formato rectangular com remate em arco pleno e eleva-se acima do entablamento.
O trono compõe-se de quatro andares de formato hexagonal, no cimo do qual repousa a imagem de vulto de Nossa Senhora com o Menino.
As pinturas murais que envolvem o retábulo, juntamente com este, enobrecem toda a cenografia da capela-mor.
Para saber mais:
RODRIGUES, Susete Filipa Lopes Pereira, A Arte da Talha no Concelho de Tondela, Câmara Municipal de Tondela, Maio 2005.
ALVES, Alexandre, Igrejas e capelas públicas e particulares da Diocese de Viseu nos séc. XVII, XVIII E XIX, p.171.
Igreja de São Tiago
-Freguesia: Santiago de Besteiros
A actual igreja de Santiago substitui uma de traço mais antigo que fora demolida por se encontrar em franco estado de ruína.
Estava o actual templo concluído no ano de 1767, tendo o seu traço seguido o risco feito para a igreja dos Irmãos da Ordem Terceira de São Francisco, de Viseu.
O seu interior sugere um clima harmonioso e nobre. O retábulo-mor que ficou concluído em 1781, pertence ao estilo neoclássico e o seu encaixe na parede do fundo da capela realiza-se através de duas pilastras laterais e um arco de volta perfeita.
Nos flancos, assentes sobre altos plintos, erguem-se pares de colunas robustas marmoreadas. Dos capitéis coríntios pendem festões que guarnecem o fuste. Sobre as colunas recaem robustos jarrões que enformam o remate. Este configura-se num arco semi-circular, imitando os frontões maneiristas.
O sacrário apresenta a porta decorada pelo cálice encimado pela hóstia consagrada.
O camarim resguarda um elevado trono de seis degraus encimados por um baldaquino que outrora servia para expor o Santíssimo.
Anteriores a este são os retábulos colaterais que, juntamente com o arco cruzeiro, constituem a cenografia que enobrece a entrada da capela-mor.
Para saber mais:
RODRIGUES, Susete Filipa Lopes Pereira, A Arte da Talha no Concelho de Tondela, Câmara Municipal de Tondela, Maio 2005.
ALVES, Alexandre, Igrejas e capelas públicas e particulares da Diocese de Viseu no séc. XVII, XVIII E XIX, p.180.
ALVES, Alexandre, Instrução e relação da Catedral da cidade de Viseu e mais igrejas do Bispado para a Sagrada Congregação – A Diocese de Viseu no tempo de D. João de Melo (1673 – 1684), p.56.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo
-Freguesia: Tondela
A antiga Igreja Matriz, de planta de cruz latina, é de invocação à Virgem do Carmo e insere-se nos parâmetros da arquitectura barroca, apesar da escassa decoração.
Arcos de volta perfeitos, ladeados por três janelões circulares de iluminação, encimam a porta da fachada principal que remata num frontão de plano sinuoso composto por arcos, alternadamente, côncavos e convexos. A torre sineira possui aberturas compostas por arcos de volta perfeita alteados.
O retábulo-mor deste templo é um belíssimo exemplar do figurino Barroco Nacional no que toca à sua estrutura e decoração. Apresenta três colunas pseudo-salomónicas de cada lado da tribuna ornadas por parras, cachos de uvas, aves eucarísticas e meninos. São encimadas por capitéis coríntios e sustentam um friso esculpido com gramática vegetalista. O remate é constituído por arcos concêntricos, divididos por três aduelas, salientando-se, na central, dois meninos que seguram uma coroa.
No centro, rasga-se a tribuna de largo porte que ostenta o trono de quatro degraus, decorados de formas múltiplas por folhas de acanto, onde repousa a majestosa imagem de Nossa Senhora do Carmo.
Os retábulos colaterais gémeos obedecem ao figurino neoclássico.
Para saber mais:
RODRIGUES, Susete Filipa Lopes Pereira, A Arte da Talha no Concelho de Tondela, Câmara Municipal de Tondela, Maio 2005.
Igreja de São João Baptista
-Freguesia: Vilar de Besteiros
Este templo, totalmente reconstruído, pertence ao século XVIII, sendo da mesma época a talha presente no seu interior.
O retábulo-mor, apresenta-se como uma massa dourada, de formas múltiplas, repleto de brilho e movimento. O arranjo constitui-se em forma de arco de triunfo, sendo evidente a sua forma côncava conseguida através de uma retracção gradual para o interior. Possui duas pilastras de cada lado, intercaladas por colunas pseudo-salomónicas. Nas colunas interiores e nas pilastras, revestidas por acantos enrolados, figuram meninos em pleno movimento.
A tribuna, cuja boca é delineada por uma fina renda, engloba o camarim de paredes curvas, fechado por uma cúpula de gomos enobrecida por um emaranhado de acantos enrolados. No último degrau, do trono, em frente a uma glória solar, descansa a imagem de vulto de São João Baptista, datável do século XVIII.
O sacrário ocupa lugar no centro do banco. A porta, de formato rectangular, é ornada pela árvore da vida.
Os retábulos colaterais, construídos pouco tempo depois do retábulo principal, seguem o mesmo formulário artístico.
Para saber mais:
RODRIGUES, Susete Filipa Lopes Pereira, A arte da talha no concelho de Tondela, Câmara Municipal de Tondela, Maio 2005.
ALVES, Alexandre, Igrejas e capelas públicas e particulares da Diocese de Viseu nos séc. XVII, XVIII E XIX, p.171.